A campainha tocou. Olhei para o relógio e vi que era 2 horas da manhã e não conseguia imaginar quem seria àquela hora. O porteiro não tinha interfonado, no celular ninguém tinha falado que ia chegar.
Olhei pelo olho mágico e lá estava ele.
Abri a porta.
Ele segurava um vinho em uma das mãos, a outra ficava balançando ao lado do seu corpo, como se não soubesse o que fazer com ela. Seus olhos estavam vermelhos, o cabelo bagunçado, o rosto inchado.
Eu sabia o que aquilo significava. Só podia significar uma coisa. Ele estava solteiro de novo.
A última vez que ele apareceu ali, ambos estávamos solteiros, ambos bebíamos vinho e comíamos pizza enquanto assistíamos a alguma série e ficávamos falando da vida de cueca no sofá. Na verdade isso aconteceu durante 6 meses, no mínimo 3 vezes a cada semana, as vezes até a semana toda, sem ele ir embora.
Entretanto tudo tinha acabado em um belo dia quando ele disse que tinha encontrado alguém, que o que tínhamos era despretencioso, não tinha nenhuma obrigação.
Mas cá estava ele de novo, depois de alguns meses, sem falar nada, apenas olhando para mim, de pijama, com aquela cara de quem acaba de acordar e a única coisa que quer é voltar a dormir misturada com cara de surpreso.
Ele não disse nada, nem oi nem boa noite nem o motivo de estar ali. Ele apenas passou pela porta pela qual já tinha passado centenas de outras vezes, foi até a cozinha, pegou duas xícaras de café (tínhamos essa tradição com vinho e xícaras) e se sentou no sofá esperando que eu me juntasse a ele.
Naquele momento minha cabeça só conseguia pensar em mandá-lo ir embora, mandar ele se foder e tudo mais, mas meu coração tinha outros planos. Ele batia acelerado, como não fazia há muito tempo, como se estivesse prestes a receber a notícia mais importante da vida.
Resolvi que era melhor não pensar muito, afinal quanto tempo duraria aquela decisão dele? (é, dignidade e amor próprio eram duas coisas que sempre estiveram em falta na minha vida, fazer o que?)
Me sentei do lado dele e segurei sua mão enquanto bebíamos o vinho. Terminei a primeira xícara em segundos, assim como ele, e tomamos outra e outra até que o vinho acabou e não tínhamos mais o que fazer.
Eu então tirei sua blusa e comecei a beijá-lo, e ele fez o mesmo e tirou toda a minha roupa e nos deitamos nus naquele sofá, mais uma vez, e fizemos o melhor sexo da vida. Acho que se somasse todas as outras vezes não daria nem metade do que foi essa, talvez pelo excesso de vinho, talvez pelo momento ou pelos sentimentos guardados.
Todas as lágrimas derramadas durante aqueles meses por ele foram esquecidas, todas as mensagens digitadas e apagadas antes de enviar, também.
Dormimos de imediato, abraçados um no outro.
Quando abri os olhos de novo já era manhã e estava sozinho no sofá. Nem um recado, nem um beijo de despedida, nada.
A única coisa que me fazia ter certeza de que a noite passada tinha realmente acontecido eram as duas xícaras sujas de vinho e a garrafa de vinho que estavam no chão do lado do sofá.
histórias fictícias mas que na minha cabeça aconteceram ou acontecerão em algum momento
quarta-feira, 3 de dezembro de 2014
quinta-feira, 12 de junho de 2014
questão
"vai onde?"
"sair"
"você não quer ficar aqui, comigo?"
"você quer?"
"eu perguntei primeiro"
"e eu estou fazendo o que ambos queremos fazer primeiro"
seus eu te amo já não me deixavam mais bobo como antes, seus abraços enquanto dormímos não são confortáveis como antes, ouvir sua voz pela manhã quase todos os dias já não faz meu dia começar bem como costumava fazer. eu não acho que algum de nós tenha se cansado do outro, eu simplesmente acho que não deveríamos ter começado. pra mim era uma válvula de escape da situação, uma forma de tentar esquecer o passado com você, e para você era mais uma aventura, na verdade a sua primeira aventura nesse "novo mundo" como você dizia no início. talvez eu tenha aprendido com você mais do que aprendi com todos os outros que vieram antes; aprendi a esperar, a aproveitar os momentos mesmo que fossem escondidos, aprendi que nem sempre estou certo e que nem sempre conseguirei mudar o que sinto por outra pessoa colocando uma terceira na história. eu pensava em deixar um pedido de desculpas no final desse texto por tudo que eu possa ter feito você passar, mas acredito que você também aprendeu muito com tudo isso, que você também me pediria desculpas por tudo e também pensaria isso agora. minha vontade mesmo era voltar para casa e te abraçar e ficar conversando e chorando com você, mas não do jeito que fizemos nesses 2 anos e sim como faço com meus amigos. em vez disso, tenho certeza, chegarei em casa e encontrarei você chorando na beira da cama com sua mochila arrumada, me chamando pra conversar e me pedindo pra não desistir, e eu vou aceitar, sim é isso que vai acontecer.
que idiota eu fui em imaginar que tudo se resolveria. nem uma carta, nem um foda-se rabiscado na parede, somente a cópia da chave debaixo do tapete.
"sair"
"você não quer ficar aqui, comigo?"
"você quer?"
"eu perguntei primeiro"
"e eu estou fazendo o que ambos queremos fazer primeiro"
seus eu te amo já não me deixavam mais bobo como antes, seus abraços enquanto dormímos não são confortáveis como antes, ouvir sua voz pela manhã quase todos os dias já não faz meu dia começar bem como costumava fazer. eu não acho que algum de nós tenha se cansado do outro, eu simplesmente acho que não deveríamos ter começado. pra mim era uma válvula de escape da situação, uma forma de tentar esquecer o passado com você, e para você era mais uma aventura, na verdade a sua primeira aventura nesse "novo mundo" como você dizia no início. talvez eu tenha aprendido com você mais do que aprendi com todos os outros que vieram antes; aprendi a esperar, a aproveitar os momentos mesmo que fossem escondidos, aprendi que nem sempre estou certo e que nem sempre conseguirei mudar o que sinto por outra pessoa colocando uma terceira na história. eu pensava em deixar um pedido de desculpas no final desse texto por tudo que eu possa ter feito você passar, mas acredito que você também aprendeu muito com tudo isso, que você também me pediria desculpas por tudo e também pensaria isso agora. minha vontade mesmo era voltar para casa e te abraçar e ficar conversando e chorando com você, mas não do jeito que fizemos nesses 2 anos e sim como faço com meus amigos. em vez disso, tenho certeza, chegarei em casa e encontrarei você chorando na beira da cama com sua mochila arrumada, me chamando pra conversar e me pedindo pra não desistir, e eu vou aceitar, sim é isso que vai acontecer.
que idiota eu fui em imaginar que tudo se resolveria. nem uma carta, nem um foda-se rabiscado na parede, somente a cópia da chave debaixo do tapete.
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