domingo, 22 de abril de 2012

nada


Ele deitado no chão, o que o confortava era o sangue quente que saia da parte de trás de sua cabeça, naquela tarde fria e chuvosa, mas que logo seria varrido pela chuva. A sensação de que ele estava onde devia, que nada o poderia afetar. Mais uma manhã, ele acordou procurando por ela. Não escontrou sua mão, não encontrou seus lábios. Ele ainda não havia se acostumado com a ideia, ela não estava mais lá e nunca mais estaria, ela se fora, para sempre. A carta, que continuava em cima da mesa com a  mancha da lágrima que caira nos meios da palavra e borrara a tinta, comprovava isso. Ele tinha que seguir em frente, por mais que doesse. Ele pensou em pegar o telefone e ligar para aquela que costumava ser sua melhor amiga e lhe contar do encontro que tinha, como desejava ter seguido o que ela dissera de que aquilo poderia destruir a amizade deles. Ela passou de melhor amiga a namorada, de namorada a nada, apenas mais uma história no passado. Ele se arrumava. Uma calça preta, camisa branca e um cardigan preto, esperava destacar suas feições apáticas decorrentes do fato de não sair de casa. Ele havia pensado em  desistir de tudo, de acabar com o sofrimento, acabar com sua vida, mas não, não valia a pena. Ele conseguiria ser feliz sem ela, conseguiria seguir sua vida. Ela conseguiu, antes mesmo de largá-lo para tentar a vida na cidade grande. Ele fechou a porta, algo dizia que ele estava fazendo o certo, que ele estava se direcionando ao lugar que devia ir. Desceu as escadas e abriu a porta, e saiu para a rua. As nuvens, o frio e a fina chuva mostravam a chegada do inverno e ele agradecia por ter colocado aquelas roupas. Ele continuou andando, a chuva batendo no seu rosto, assim nao precisaria esconder suas lágrimas até a casa dela, não que ele quisesse chorar, apenas por precaução. O sinal estava aberto e ele esperou, e quando se fechou ele colocou o pé na rua, para atravessar para o outro lado. Aquela rua , ele imaginava, o separava da tão esperada felicidade com outra pessoa. Entretanto, nunca saberemos se ele realmente seria feliz, tudo por culpa do carro que não conseguiu parar antes da luz ficar vermelha.

Nenhum comentário:

Postar um comentário