Ele tinha um nome que mais parecia um apelido. Ele começava agora sua segunda década de vida, mas parecia que falava como se fosse a suas duas últimas décadas de vida. Ele ficava sem graça quando eu olhava por muito tempo para o seu rosto. Seu olho combinava com sua camisa, mesmo ele falando que seus olhos eram verdes, e não castanhos (pessoas de olhos claros têm dessa né, de não terem uma cor certa para os olhos). Ele nunca teve um all star na vida, ou um vans, ou nenhum desses tênis que os jovens Millenial tiveram. Ele tinha gatos com nomes de comida, o que acho que é bom para o meu ascendente em Touro. Seu estilo musical favorito era MPB, e eu fingi gostar mais do que realmente gostava, mas eu gostava, não me entendam errado. Ele não gostava de filmes de heróis, e adorava drama, e por isso fomos ver um filme triste e pesado, em que só tinham pessoas nas suas sextas, sétimas ou oitavas décadas de vida, e nós.
Ele chorou no final do filme, eu abracei ele, e ele disse que era bom aproveitarmos enquanto ainda podíamos fazer isso, e por dentro eu concordei, mas ao mesmo tempo eu pensei que ainda continuaríamos fazendo isso, eu esperava que ainda pudesse abraçar ele várias e várias vezes, não outros caras, mas ele. Eu acho que alguém chorar no primeiro encontro é uma coisa tão incrível, sei lá, acho que tudo fica mais real. Nunca imaginei que o Tinder me proporcionaria isso, enfim.
Eu nem sabia se gostava de vinho frizante, mas sabia que não era muito fã de branco, mas mesmo assim deixei ele escolher um frizante branco. Eu só não queria que ele fosse embora. Atualmente eu tenho muito dessa, de querer estar sozinho mas não querer estar sozinho, ou não querer me sentir sozinho, não sei. E ele também parecia assim, ou eu tava só me enganando pensando isso.
Foco, vamos voltar.
Pegamos o metrô molhados, e ele me perguntou se tava frio mesmo , porque se não estivesse ele estaria batendo o queixo de nervoso, e nessa hora eu só queria abraçar ele de novo, mas vamos com calma, as pessoas as vezes podem ser estranhas e saírem correndo na próxima parada de metrô caso as assuste.
Bom, eu estava apresentando vocês a ele, mas pelo visto eu já estou contando a história, então vamos continuar né.
Mais paradas de metrô, mais chuva, mais frio, mais muitos minutos.
O vinho era bom. A companhia dele era boa, mesmo nenhum de nós dois sabendo que assunto puxar, e falando sobre nada, mas um nada tão nada que nem sei se ele lembra sobre o que falamos. Pela primeira vez eu ficaria satisfeito de só dormir do lado de alguém sem fazer nada, sem sentir na obrigação de fazer nada, só estar lá fazendo carinho nele enquanto ele chorava e ia no banheiro soar o nariz. A única coisa que eu esperava que acontecesse era um beijo, e não digo um beijo longo de língua e puxões de cabelo, mas um selinho, pra mim já bastaria. As vezes eu tenho vontade de socar minha cabeça na parede e gritar por imaginar essas coisas tão Romantismo que aprendemos na escola.
AH
o perfume dele também era muito bom.
Porra
ele todo.
Por mim a gente vivia aquela noite pra sempre. Talvez seja por isso que eu tenha colocado o meu filme favorito para assistirmos. Meio bêbados, meio cansados, meio com tesão.
Assistimos
Weekend.
Gozamos.
Nos beijamos.
Dormimos.
Acordei
ele não estava lá,
nada dele estava lá.
Alguns de vocês vão imaginar que eu quase chorei, e todos vocês que pensarem isso estarão certos.
Mas diferente das outras vezes, ele não sumiu.
O que era bom, eu acho.
Ele prometeu voltar.
E aí é um próximo post.
Dia 499 de novo, ou dia 500.
Vamos ver